A ação do Projeto Juventude Negra e Participação Política (JNPP) tem como eixo central a Comunicação para o Desenvolvimento, que acontece quando um determinado território coloca o seu potencial comunicativo a serviço do desenvolvimento pessoal, social, político, econômico, cultural e ambiental de seus integrantes e de seu entorno. Como potencializadora desse processo, surge a Educação pela Comunicação, metodologia em que o/a jovem educando/a participa ativamente da produção de peças e ações de comunicação que, uma vez disseminadas, geram novas práticas de educação e/ou mobilização social.
No JNPP, as ações de Comunicação para o Desenvolvimento prescindem da participação de toda a comunidade, mas ganham força quando dinamizadas por adolescentes e jovens Agentes de Comunicação para o Desenvolvimento, que são qualificados/as para atuar como:
- Educomunicadores/as: conduzem processos e ações de Educação pela Comunicação junto a outros/as jovens através da estratégia de “educação de pares”. Nesta atividade, os/as garotos/as promovem momentos de diálogo e partilha com outros/as jovens em formação pela CIPÓ, organizações, grupos e escolas locais sobre o contexto e estratégias de combate ao genocídio da juventude negra. Com formato concebido pelos/as jovens, esta ação se constitui como uma estratégia de multiplicação dos conhecimentos e de agregação de mais pessoas às atividades;
- Produtores/as de mídia: especializam-se na produção de materiais de comunicação utilizando diferentes linguagens midiáticas. No Projeto Juventude Negra e Participação Política, a produção de mídia ocorre a partir do planejamento e desenvolvimento de campanhas de comunicação, mostras e outras atividades de sensibilização e mobilização das comunidades para o combate ao genocídio da juventude negra. Durante as formações, os/as jovens são convidados/as a pensar estratégias de atuação em suas comunidades com vistas a propor formas de luta e resistência aos problemas vividos pela juventude negra. Nestes quatro anos, os/as jovens produziram 01 documentário, 01 mostra multimídia e 01 websérie, além de administrar 01 página do Facebook e 01 blog;
- Comunicadores/as comunitários/as: atuam como produtores/as, repórteres, redatores/as, editores/as ou apresentadores/as em veículos ou programas de comunicação da comunidade, além de registrarem e divulgarem suas próprias ações;
- Articuladores/as ou mobilizadores/as sociais: utilizam a comunicação para conscientizar a população, mudar atitudes, monitorar e influenciar leis, políticas, programas, orçamentos e serviços públicos. O grupo de jovens constrói ou participa de atividades e espaços como coletivos juvenis, audiências públicas, manifestações, caminhadas, fóruns, conselhos, redes, etc.
Oriundos/as do Subúrbio Ferroviário de Salvador, os/as garotos/as participantes do Projeto são capacitados/as para atuar como multiplicadores/as, construindo e implementando novas formas de intervenção social a partir do uso inteligente e criativo das tecnologias da informação e comunicação. Estes/as jovens são agentes importantes para visibilizar, formar, informar, avaliar e discutir o tema da violência contra a juventude negra e seus correlatos.
O processo inicia-se com a mobilização e seleção de um grupo de 10 a 15 jovens multiplicadores/as para participar de formações teóricas e práticas em torno da temática do combate ao genocídio da juventude negra. As oficinas são promovidas sistematicamente duas vezes na semana, com duração de três horas cada e leva em consideração as seguintes questões:
- Identidade: geração, raça, gênero, classe social, território, etc.;
- Juventude e participação social: breves diálogos sobre a história de participação e luta da juventude negra;
- Políticas Públicas e participação: conceito, legislação e instrumentos de controle social das políticas públicas;
- Combate ao genocídio da juventude negra: conceitos, diagnóstico, contexto e bandeiras de lutas pelo enfrentamento à violência contra jovens negros/as;
- Estratégias, metodologias e experiências de incidência política: um recorte sobre as lutas por políticas raciais no Brasil;
- Formação dirigida: momentos reservados a debater questões e temas que porventura sejam demandados a partir das experiências de participação e incidência política do grupo;
- Direitos sexuais e reprodutivos.